Mês de Setembro de 2020

Mês de Setembro de 2020

Inteligência ParMais, Set. 2020

Cenário macroeconômico

Setembro foi marcado pela volatilidade – e correção – nos mercados ao redor do mundo, com o primeiro mês de correção generalizada após a COVID-19. No Brasil, esse movimento já havia começado anteriormente e, desde a segunda metade do mês de julho, já temos visto os mercados apresentando maior estresse.

Os motivos acabaram pesando sobre a eleição americana, o aumento de casos da COVID no mundo e um esperado pacote de estímulos nos EUA.

As eleições americanas acabaram perdendo o holofote ao longo do ano – ao menos em relação a atenção dos mercados – por conta da pandemia. Mas agora, a poucas semanas da eleição, o tema ficou mais forte. Em tese, nenhum dos dois candidatos representa risco para os mercados, sendo assim, os receios giram mais em torno da forma do que do resultado. Com boa parte dos eleitores votando pelo correio, uma vitória apertada pode dar margem a contestações e prolongar a definição do resultado – e isso sim pode trazer alguma apreensão para os mercados.

Em relação à segunda onda da COVID, especialmente na Europa, o aumento de casos trouxe à tona a possibilidade de novos lockdowns. Mas, de fato, o que se tem visto é que os protocolos médicos têm conseguido combater a doença e diminuir tanto a fatalidade como a necessidade de internações. Apesar dos números de contágio nos principais países europeus terem superado muito os números de março e abril, a quantidade de mortes e hospitalizações é inexpressiva. Além disso, a própria população tem se colocado contra novos fechamentos.

Por fim, motivado inclusive pela insistência do FED de que são necessários novos estímulos fiscais para que a economia americana continue se recuperando, os mercados ficaram ansiosos por um novo pacote. Porém, a expectativa acabou não se concretizando e, ao que tudo indica, a probabilidade de algo acontecer antes das eleições passou a ser muito baixa.

Como se não bastassem os problemas lá fora, aqui no Brasil o clima político ficou agitado em relação aos riscos fiscais. O governo tem a intenção de manter um programa de distribuição de renda mais efetivo que o bolsa família e, para isso, precisa encontrar uma fonte de recursos. A única saída é o corte de despesas, mas, na outra ponta, está a classe política e o corporativismo que não aceitam mexer nos seus privilégios e – ao que parece – acreditam que há uma fórmula mágica e ilimitada de criação de recursos. Um problema crônico no Brasil, que vinha sendo tratado com mais responsabilidade, e que retrocedeu absurdamente após a pandemia.

Cenário de investimentos

Com os mercados ao redor do mundo apresentando volatilidade ao longo do mês e com o risco fiscal em foco aqui no Brasil, o mês foi realmente ruim para os investimentos.

Para ter noção da magnitude, o Tesouro SELIC – que é o investimento mais seguro e conservador – teve resultado negativo no mês. A queda aconteceu por conta do prêmio de risco exigido pelos investidores na compra de título do governo. O spread na venda de um título Tesouro Selic chegou a 0,37% o que, nos padrões atuais, representa mais de dois meses de rentabilidade da SELIC. Portanto, os títulos eram vendidos abaixo do seu valor de face, o que desvaloriza (a mercado) todos os títulos em circulação. Difícil de entender? Sim! Mais uma novidade no mercado brasileiro e mais um sinal de que a forma de investir no Brasil passa por uma grande transição.

Com o mundo volátil e os investidores receosos com o cenário fiscal brasileiro, foi difícil para praticamente todas as estratégias encontrar um caminho de gerar retorno no mês.

IndicadoresMêsAcumulado Ano
CDI0,16%2,28%
IBOV-4,80%-18,20%
DÓLAR3,10%39,94%
IFIX0,46%-12,59%
IMAB B5-0,12%4,51%
IMAB 5+-2,60%-4,56%
*IPCA0,64%1,37%
POUPANÇA0,12%1,76%
OURO-1,61%66,30%
S&P 500-3,92%4,09%
Petróleo (WTI)-6,01%-35,05%
IHFA-1,90%0,03%

*IPCA – Projeção

Retorno dos investimentos

Em um mês em que até mesmo o investimento mais conservador do mercado apresentou queda, foi muito difícil de encontrar oportunidades.

Os fundos multimercado, que tem ótimas projeções de ganho no médio prazo, sofreram perdas generalizadas com a volatilidade do mês. Apenas dois fundos conseguiram obter resultados positivos. O JGP Strategy, pela sua característica de operar com pouca volatilidade e muito hedge e o Sparta Dinâmico, um quantitativo de baixa volatilidade que conseguiu aproveitar as distorções de preço.

Movimento parecido foi observado nos fundos de ações. Apesar de alguns gestores terem obtido performance melhor do que o Ibovespa, nenhum deles conseguiu se manter positivo ao fim do mês.

Mais um exemplo de como o mês foi difícil, o ouro – que normalmente tem comportamento inverso aso ativos de risco – também caiu no mês.

O destaque ficou para os fundos imobiliários, que começam a recuperar sua capacidade de entrega de dividendos depois de todas as revisões de contrato durante a pandemia.

InvestimentosMêsAcumulado Ano
Renda Fixa
AZ QUEST LUCE FIC RENDA FIXA CRÉDITO PRIVADO LP0,44%-0,78%
QUASAR ADVANTAGE PLUS FI RENDA FIXA CRÉDITO PRIVADO LP0,42%-1,42%
SPARTA TOP FIC RENDA FIXA CRÉDITO PRIVADO LP0,38%0,58%
QUASAR ADVANTAGE FI RENDA FIXA CRÉDITO PRIVADO LP0,33%-1,31%
ARX VINSON FIC RENDA FIXA CRÉDITO PRIVADO0,28%0,76%
Inflação
NTNB 2024-0,75%0,82%
NTNB 2035-2,49%0,75%
NTNB 2045-2,65%-0,15%
Multimercados
JGP STRATEGY FIC MULTIMERCADO0,28%8,06%
SPARTA DINÂMICO FIC MULTIMERCADO0,19%6,80%
PAR MAIS MAGISTER FIC MULTIMERCADO CRÉDITO PRIVADO0,03%0,39%
ABSOLUTE ALPHA GLOBAL FIC MULTIMERCADO-0,10%1,77%
SPX NIMITZ FEEDER FIC MULTIMERCADO-0,16%5,50%
Ações
TÁVOLA ABSOLUTO FIC MULTIMERCADO-0,15%-7,47%
SHARP LONG BIASED FEEDER FIC AÇÕES-0,91%25,91%
CONSTELLATION ICATU 70 PREV FI MULTIMERCADO-2,35%4,29%
PAR MAIS MAXIMUM FI MULTIMERCADO-3,23%-5,69%
LEBLON ICATU PREVIDÊNCIA FI MULTIMERCADO-3,28%-7,05%

Estratégia ParMais para Outubro/2020

Aparentemente não veremos mais medidas restritivas contundentes por conta do COVID. As eleições americanas parecem estar se encaminhando para um desfecho tranquilo e, mesmo uma vitória democrata não representa risco de volatilidade ou correção para os mercados.

Aqui no Brasil, mais uma vez vivemos um dilema que já deveria a muito ter sido ultrapassado. Um estado “paquidérmico” que concentra boa parte de suas forças apenas para se manter grande e que não gera retorno para a sociedade em geral.

Estávamos entrando num caminho interessante que poderia nos colocar numa espiral de crescimento, mas agora temos de novo o risco de voltarmos a estaca zero, com o diferencial de começarmos de novo, mais endividados que antes.

Nem tudo está perdido – ainda. Os dados econômicos mostram que nossa economia está aquecida e estamos nos recuperamos bem da crise. O problema é a fórmula – os estímulos não podem gerar despesas permanentes e o aumento da demanda só será benéfico se houver confiança para que os empresários invistam.

Os próximos meses são cruciais para determinar qual caminho iremos tomar. Nós, como sempre, nos mantemos atentos para mudanças de rumo ou para aproveitar as oportunidades que momentos de crise geram.

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